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Setor de transportes teme aumento do teor de biodiesel no diesel

A Confederação Nacional do Transporte (CNT) anunciou nesta terça-feira (7) que as empresas do segmento de transportes demonstram preocupação com uma possível retomada do aumento de biodiesel no diesel, de acordo com rumores. A medida seria tomada para aumentar a disponibilidade do combustível para veículos pesados no país, cujo estoque está preocupantemente reduzido para atender a frota nacional.

Segundo a CNT, “a medida só beneficia a indústria de biodiesel, aumentando o preço do diesel, a sua quantidade consumida, poluindo mais e gerando mais inflação. Essa proposta não necessariamente representará aumento da oferta do combustível, tampouco a diminuição do preço final do produto”.

A entidade alega que, se mantidos os preços do diesel A e do biodiesel referentes à semana de 23 a 29 de maio, a elevação do percentual da mistura de 10% para 13% aumentaria imediatamente o preço do diesel B em 1,4%. Se elevado o percentual para 15%, o impacto seria de 2,4% no preço do diesel B.

O percentual elevado do teor de biodiesel também resultaria em problemas mecânicos nos veículos devido a especificações inadequadas para os projetos dos motores, desenvolvidos originalmente para utilização de diesel, que comprometem a qualidade da mistura, tendo sido identificado o aumento do consumo de combustível, o que agrava ainda mais a situação de escassez do diesel.

Outro ponto identificado pelo setor é que o aumento da mistura de biodiesel fará aumentar a emissão de poluentes ao causar problemas no sistema do motor, comprometendo a queima adequada do combustível na câmara de combustão, resultando em queda de desempenho que acarreta maior consumo.

O poder público inicia debates e análises técnicas para permitir que o retorno do aumento de biodiesel aconteça de modo seguro e planejado. Entre as medidas está a revisão das especificações do biodiesel éster pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que atualmente estabelece teores de até 7%.

Sem que se tenha a certeza da viabilidade técnica do aumento do biodiesel, poderão ressurgir problemas nos veículos da frota nacional, que possuem motorizações com diferentes fases do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), resultando em paradas repentinas por problemas mecânicos, comprometendo o custo das operações de transporte e colocando a segurança de motoristas e passageiros em risco.

De acordo com a Confederação Nacional do Transporte, é necessário que o teor de 10% de biodiesel seja mantido durante o ano, conforme determinado pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) no final de 2021, para que os operadores do transporte rodoviário de cargas tenham previsibilidade em suas operações. A CNT informa que está disponível para “colaborar com as autoridades e também seu compromisso com a preservação ambiental, com a introdução de novas fontes energéticas e com o avanço seguro do programa nacional de biocombustíveis”.

Com informações da Agência CNT | Foto: iStock